ARROGÂNCIA: DOENÇA NA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
- Equipe Quarter
- 14 de mar. de 2014
- 4 min de leitura
A arrogância tem destruído muitos relacionamentos, amizades, negócios, casamentos e impossibilitado muitos profissionais de terem êxito em suas carreiras. Esta mazela vem sendo espalhada em meio à humanidade desde o início do mundo, quando olhamos na história, vemos que ao longo das épocas vários lideres e pessoas tiveram seus nomes marcados pela forma arrogante de proceder. A bíblia, sobretudo o velho testamento, relata várias passagens que demonstram essa característica do humano.
Mas afinal o que é arrogância?
Arrogância é o conjunto de pensamentos e atitudes que caracterizam a falta de humildade. É comum conotar às pessoas que apresentam essa características algumas posturas, como não desejar ouvir os demais, não se permitir aprender algo novo e se sentir superior em relação ao seu próximo. São sinônimos de arrogância: o orgulho excessivo, a soberba, a altivez, o excesso de vaidade.
Arrogar vem do latim arrogare que significa tomar como próprio, apropriar-se, tomar como seu, atribuir a si.
Contrariando o que muitos acreditam a arrogância não acomete somente pessoas de maior poder aquisitivo (ricos) ou dotados de grande inteligência (conhecimento), ela pode acometer pessoas de qualquer classe econômica ou social, pode ser encontrada entre ricos e pobres, pessoas cultas e ignorantes, homens e mulheres em qualquer faixa etária ou etnia.
Perfil do arrogante
É muito fácil identificar as características da arrogância. Será apresentada a seguir uma pequena lista das principais atitudes e comportamentos apresentados por pessoas consideradas arrogantes.
Tem sempre uma desculpa para o seu insucesso;
Tenta enganar os companheiros para “sair por cima”;
Nunca reconhece o erro, sempre tenta por culpa em alguém;
Causa intriga na equipe e tem sempre uma teoria de conspiração;
Acha que sabe tudo;
Acha-se melhor que todos na equipe;
Gosta de “passar por cima” de todos;
Gosta de aparecer, necessidade de esta na frente;
Entra em conflito com facilidade, é antipatizado por muitos;
É movido pelo reconhecimento, tendo necessidade de receber elogios o tempo todo;
Tem a solução para todos os problemas (dos outros, é claro), porque os dele estão todos “resolvidos”;
No fundo é inseguro, mas não gosta de demostrar.
“A arrogância é uma característica que, durante algum tempo, pode ser confundida com determinação. Com o passar do tempo, transforma-se em algo demasiado abrasivo para ser tolerado.” (João Cândido da Silva)
Vírus da arrogância
O vírus da arrogância tem um poder tão grande sobre os profissionais que chega provocar “cegueira e surdez”. A “cegueira” de não querer ver que ele é um ser humano falível e limitado como outro qualquer e a “surdez” de não querer escutar o que os outros dizem, por achar que já sabe tudo, ou ainda, por julgar ser superior à pessoa que esta falando. Sabendo destes sintomas, é fácil concluir que muitos desastres empresariais, ineficácia na gestão e a destruição de profissionais com trajetórias de sucesso, realmente ocorreram porque a arrogância impediu o profissional de aprender, de ouvir, de interagir e consequentemente de se modificar e evoluir.
Existe remédio para este vírus?
Existe sim, mas não é só um comprimido, trata-se de um verdadeiro coquetel, e o tempo de tratamento é longo. Estamos falando aqui da implementação de um processo estruturado e consciente que envolve mudanças de atitudes e comportamentos para adquirir uma nova competência, a HUMILDADE. Toda mudança é difícil, pois nos tira da zona de conforto (comportamento habitual) e nos faz abrir para novas perspectivas. Isso geralmente traz muito medo para quem esta embarcando neste novo viés.
Perspectiva da mudança: Arrogância X Humildade
Segundo Paulo Gaudêncio, psiquiatra organizacional, a mudança é um procedimento neurológico e, para enfrentar o medo, temos que cortar a ponte com o passado. No caso da arrogância, é essencial aprendermos a detectar a sua presença e a lidar com ela.
Na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:24-30), um homem plantou sementes no seu campo mas o inimigo plantou joio no mesmo campo. Uma vez que o trigo e o joio começaram a crescer juntos, os servos sugeriram que arrancassem o joio. O dono da casa não os deixou tirar o joio. Ele deixou o joio crescer junto com o trigo até a colheita, quando o trigo foi recolhido e o joio foi queimado.
O mesmo vale para a arrogância (joio), pois ela tem no sentido inverso a humildade (trigo). Sendo assim, a melhor maneira de reconhecer a arrogância é compreendendo a natureza da verdadeira humildade. Ao nos familiarizarmos com suas características, podemos identificar a sua ausência instantaneamente, o que significa dizer que estão sendo praticados atos e pensamentos arrogantes.
Após essa identificação, o próximo passo é trabalhar conscientemente para reverter o comportamento inadequado.
Outro propulsor de mudança é o feedback, que é o processo de fornecer dados a uma pessoa ou grupo ajudando-o a melhorar seu desempenho no sentido de atingir seus objetivos e metas com base na veracidade observada ou vivenciada. Neste contexto, solicitar feedback sobre seu desempenho e comportamento para pessoas que você admira e confia é uma atitude de coragem, porém isso por si só, não provoca mudança. O que realmente impulsiona mudança é receber o feedback por uma perspectiva positiva, processar e daí por diante, mover ações no sentido de reverter as oportunidades de melhorias apontadas. Primariamente, tudo o que for feito, investido e plantado, exigirá um esforço adicional, mas o resultado virá, com certeza virá no médio e longo prazo.
Esse é o coquetel armado para combater a arrogância em nossas vidas, e é necessário tomá-lo com frequência. O ciclo de reconhecer, mudar e aferir o resultado inicia agora, após ler este texto você já tem informação, colocá-la em prática ou ignorá-la só depende de você.
“Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes”. (Johann Goethe).
Autor: Fabio Arruda
fabio.arruda.mg@hotmail.com